terça-feira, outubro 13, 2009

Te acalma, mon coeur.

Te acalma, que é só uma fase ruim, menina. Te acalma que todas as fases são ruins e no fim a gente vê que passou rápido.
Calma! Calma!
Te acalma que a vida é lenta e dura. e você que é nova.
Te acalma, pequena, deita em meus braços e sente que a vida pode ser boa, que não há porque se apressar ou chorar.

Mon coeur, será agora teu apelido, por carregares no nome toda a importância que lhe dou. Pra você sempre saber o quão grande é meu amor, quão grande que é teu nome. É pra selar esse amor.

Calma, pequena, calma. Não corra ainda. Senta-te aqui, deixa que vou discursar sobre as dificuldades de viver e te provar que ao meu lado não. ao meu lado não, ó!

silêncio.

Deita teu corpo sobre o meu, me ensina. Me faz o coração já não parar mais de bater. Sou velha, sou velha por todos os pêlos do corpo. Meu dedo do pé é velho, meu dedo da mão, com a qual mexo em teus cabelos agora, é podre, é triste. Sou toda triste, mas não te assustes, não te apresses.
A vida, pequena, me deu boas pauladas. E a ti, quero que saibas o peso que tens por selar minha paixão. A ti, quero que morras, antes de mim, que sou velha.
jamais poderia perdoar a vida de, por meu fim, te matar.
Mato-te eu, pequena, enquanto dormes.
Shhh. Shhh.
Te acalma, mon coeur.
Que é pra selar o nosso amor.

sábado, outubro 10, 2009

Aprés

aprés

(a)prés-sinto.

A sua ausência me faz feliz.
A ausência doutro não.

O estar ao seu lado só evidencia o quanto não. o quanto (não) vou ficar (só).
As noite enrolada no seu cheiro não fazem valer a pena. As tardes de espera, não fazem sentir.
me distraio com sua pré-ausência, por querer saber quando irás. E constrangedor é saber que serei eu a ir embora.
Você fica. Sempre ficam, vocês.
Eu (re)parto.

Todas as adpatações, gambiarras e jeitinhos que dou no meu parecem toscas quando não te tenho pra me ofuscar de mim mesma.

Ontem alguém segurou na minha cintura, assim por trás, de quando se guia alguém, me levando pra um canto, me pegou assim naquele lugar que gosto. Mãos firmes porém nada invasivas ou demasiado másculas.
Arrepio.
Meu deus, mas é porque não tenho sentido nada há alguns tantos meses?

Sonhei a noite inteira um sonho triste e acordei sozinha outra vez.
A ponta do lápis é molhada em saliva e suor com cheiro de sexo antigo.

O quarto vai ficando bagunçado e eu me reconheço mais. Saio do quarto e vejo a casa, essas coisas, esses amigos, a toalha, não são meus, não sou eu. É teu?

o arrepio é passageiro. o tédio não passa.
O último brinde

Bebo à casa arruinada,
às dores da minha vida,
à solidão lado a ladoe a ti também eu bebo -

aos lábios que me mentiram
ao frio mortal nos olhos
ao mundo rude e brutal
e a Deus que não nos salvou.

Anna Akhmátova