quinta-feira, julho 24, 2008

devaneing

o estomago está dando voltas dentro dele.
o rosto de incômodo, as palmas das mãos já algo amarelas.
ele está dando voltas.
porque sair é sempre tão dificil? e entrar noutro ainda mais.
agora, dentro de minha casa sinto vontade quase alguma de sair. só ela, que vem me visitar de vez em quando. me faz um carinho, me lambe o pau e vai embora.
As vezes fica. Vai ficando, ela.
Hoje estive em ambiente novo. Igual aos outros, mas novo. Conhecendo o novo grupo vi a mulher mais bonita - ela sem duvida é a mais bonita - me olhou, sorriu. Fiz que não vi - não sou mais menino para comer uma loirinha atrás da porta.
Ela não me sai da cabeça.
Nem do estomago.
gira, gira.
me envolvo tanto.
ganhei uma jaqueta ridícula de Lúcia, da repartição. Como é boba Lúcia, está sempre atrás de casamento, de alguém que a salve dessa mediocridade da re-partição.
Há dois anos ela deixou o marido de quem tanto amava por medo. Agora finge que é viva, que tem coragem.
Meu estomago dói, ainda mais, quando vejo Lúcia e a jaqueta feia que me deu.
A loira me olhando, a loira sorrindo.
Em casa pus as roupas no varal, que já iam ganhando cheiro de mal secas. Não fiz um sanduiche porque queria que alguem mo fizesse. Como não tem ninguem, não tem sanduiche. As roupas com cheiro de mofo. Meu estomago está dando voltas.
Ele re-partindo-se. Em um.

terça-feira, julho 22, 2008

janelas trincadas

tudo aqui tem meu nome. e tudo aqui tem meu cheiro, meu preço, meu dono- que sou eu mesma. tudo aqui tem meus pelos, meus dogmas, minhas crenças e os meus rituais. Daqui de dentro, através dessa janela, nesse lugar, onde eu tenho ficado muito pouco e muito pouco feito dele meu, apesar de ser tão e só - meu.

branco.
não sei mais o que escrever.

Não sei escrever sobre os feitos, os fatos. Sei escrever sobre o pranto, que existem ou não dentro de mim, e agora, que vivo tão dispersa pelo que vem de você e do que vai à você, não sei mais sobre o que escrever.

A dor era imensa e se tornara impossível transforma-la em palavras, depois de todas já terem sido jogadas fora. Da janela, da casa, do eu.
depois era o nada. O ronrono do gato e casa vazia de eu, de ti. o colchão na parede fria e nenhuma grande ideia de como crescer o que dentro de mim é imenso.
a dificuldade, o transito, o caminho, a dificuldade de falar o que de tão grande não passa por canal nenhum e vem meio trôpego, meio desesperado, dando margem até mesmo a erros de ortografia.
não tenho vontade de falar sobre nada, e ao mesmo tempo. Como acordo alguns dias, quando você não está -mas dentro sim-, ou quando ficastes a dormir do outro lado da cama, porque até tarde transamos, meu deus. Como tenho vontade de dançar! descalça, abraçar e beijar a todos com todo o amor que sinto dentro de mim.

Da janela da minha casa, a parreira morta. Os gatos se olham, um no muro, outro ali fora, logo aqui. Um entra pela porta. Quantos mesmo são?
tantas coisas que ficaram pra trás.
ano passado eu estava nesse mesmo lugar.
e ainda no ano passado.
mentira.
costume.
agora o misturar-se que é dificil. agora o ter fé é que é dificil.
à nossa. (copo e braço estendidos)


não sei o que tento dizer nem sei pra que-m- estou dizendo. Sinto hoje, das coisas que leio e recebo, dos beijos, do gozo, do tapa, e sinto como viver é genial.
I´m alive.
e as vezes, muitas vezes, quase todas, não sei o que fazer com isso.
o que se faz com tanta vida além de adoecer? além de chorar?

dança!
o turco me olha, bate palmas.
dança! dança!

pauls, a.


-acredito que o pranto é a maneira mais fácil de provar publicamente que se é sensível-

e que tal escrever a nossa história do pranto?

a história do pranto, a historia del llanto