domingo, junho 29, 2008

a sala meia luz, lanternas japonesas. Os dois sentados em um canto, numa espécie de sofá improvisado barato. Ela fuma sem parar. melodia triste. Ele canta.
"báááárbara, nunca é tarde, nunca é demais. onde estou, onde estás? meu amor vem me buscar."
- como você é cafona. disse com raiva.
Ele calou.
Ela costumava sorrir quando ele cantava. Mas, dessa vez não. Não suportava mais o mesmo rertório brega e previsível dele.
-Você não consegue pensar em nada mais?
Eles se amavam desesperadamente.
Ela de tal forma que mal conseguia perceber o dia que havia passado inteiro do lado de fora da janela, no fim do corredor, que era a sala dela. Apenas os cabelos dele e os óculos tortos, velhos e arranhados.
Um gato pulou a janela, olhou os dois e se entediou. Bocejou e foi embora. Nada a dizer. O tempo passando lá fora. tempo.
Ela murmurou a música, sem saber de onde vinha.
Ele dormiu, com o corpo jogado em cima dela.
o corpo dele que cobria e tomava Bárbara por inteiro.