terça-feira, julho 17, 2007

adiotravez

me animei quando o telefone tocou.
até ri-me disso.
Fazia tantos dias em que eu estava fugindo do primeiro trim ameaçador. É que sentia-me tão bem-mal ajambrada em minha bolha que qualquer procura por mim era me resgatar de um buraco fundo e quente.
Então você fez o telefone soar, e era meu aniversário. Lembrou-me mais uma vez de minha existência. E eu ia lá duvidando se isso era bom ou ruim.
Você ligou e disse uma frase, uma só. Achei engraçado. Desligou.
Quase morri de ódio depois.
Consegues sempre esse efeito sobre mim e isso é desesperador.
Criamos tanta intimidade que às vezes sinto que me manipulas. Às vezes chego perto de ter certeza de que me controlas e me manipulas o tempo inteiro, de acordo com suas vontades. E você sempre foi caprichoso.
Depois, sinto que já nada importa, que se a vida me tira você eu morro. Vai-se metade de tudo que construí nos ultimos anos.
E sabe-se lá dizer se isso é bom ou ruim?
Como me permitir ser metade você? E você nunca soube reconhecer isso. Nunca soube reconhecer nada mais que você mesmo. Meu deus, como eres egoísta. E como é sempre assim que funciona, sempre achando-nos egoístas acusando-nos um o outro. Chegamos a nenhum lugar, porque as acusaçoes só trouxeram mais e mais acusações e magoas. E todos esses anos.

Sabe, às vezes acho que vou morrer de silêncio.

E acho que você agora riria dessa declaração.
Fazem meses e anos que estou nesse mesmo lugar, meu amor.
Tudo que consegui mudar foram algumas palavras e figuras de linguagem. E de casa. Da qual agora quero sair. mesmo agora, correndo, pela porta da frente.
Mas é dificil sair, correr e ainda pela -mesma- porta da frente, não meu amor?
e me ligas, a fazer exatamente isso.
hermosa é a putaquetepariu porra!
e quanto a mim: eu, só eu, egoísta e mais vazia do que nunca.

adios.
- outra vez -

nos dias em que confesso que te amei

às vezes eu sinto saudade de você, sinto mesmo de verdade. Para além das palavras de saudade. A pensar naquele dia em que fiquei imóvel de medo de me afastar de você, e já com a ceia de natal posta eu só pensava que não podia mover nem um músculo sequer de meu corpo. Não quis pesar naquela época, afinal era natal e afinal éramos jovens. Fiquei perto mais um pouco, pra poder me acostumar com a idéia de ir-me. Engracado, diriam.
Agora, ainda às vezes, sinto essa dor imobilizadora em meu corpo.
Acho que nós eramos tão tristes (e ainda somos) por ser e talvez ainda mais por sentirmo-nos tão fora de tudo quanto possível, que juntos, as poucas gargalhadas que dávamos eram gostosas como se fossem ainda as primeiras gargalhadas da vida.
A gente fingiu, e até hoje finge que isso tudo não era amor de verdade, esse amor que traz uma relação, sexo, uma casa, dois filhos. A gente não conseguiria nunca pensar em se vestir de família feliz. E a verdade é que brigariamos tanto ainda.
E você não quis nada disso. Eu entendi e vim me embora, certa de que muitas coisas ainda teria por viver.
E a verdade é que quase nada tive, e quase nada tenho pra viver. Depois desse encontro, desse mundo que a gente construiu (e destruímos nós mesmos, sem interferencia do mundo que nao era mundo pra gente) nada parece tão grande.
É tudo sem graça e pequeno.
Você tambem acha.
Nunca vou saber se por nossa passagem na vida um do outro, pra você.
É que o mundo também não parou de girar.
E meu coração, às vezes mais depressa, às vezes quase como o silêncio, vive ameaçando parar de bater.

Desde que mudei pra essa casa, tem dias em que nem existo.
E nada, nada me cobre a saudade que eu sinto de você.

quinta-feira, julho 05, 2007

em 4 de julho

aquele traíra ligou só pra dizer:

- parabéns, hermosa.