terça-feira, julho 17, 2007

nos dias em que confesso que te amei

às vezes eu sinto saudade de você, sinto mesmo de verdade. Para além das palavras de saudade. A pensar naquele dia em que fiquei imóvel de medo de me afastar de você, e já com a ceia de natal posta eu só pensava que não podia mover nem um músculo sequer de meu corpo. Não quis pesar naquela época, afinal era natal e afinal éramos jovens. Fiquei perto mais um pouco, pra poder me acostumar com a idéia de ir-me. Engracado, diriam.
Agora, ainda às vezes, sinto essa dor imobilizadora em meu corpo.
Acho que nós eramos tão tristes (e ainda somos) por ser e talvez ainda mais por sentirmo-nos tão fora de tudo quanto possível, que juntos, as poucas gargalhadas que dávamos eram gostosas como se fossem ainda as primeiras gargalhadas da vida.
A gente fingiu, e até hoje finge que isso tudo não era amor de verdade, esse amor que traz uma relação, sexo, uma casa, dois filhos. A gente não conseguiria nunca pensar em se vestir de família feliz. E a verdade é que brigariamos tanto ainda.
E você não quis nada disso. Eu entendi e vim me embora, certa de que muitas coisas ainda teria por viver.
E a verdade é que quase nada tive, e quase nada tenho pra viver. Depois desse encontro, desse mundo que a gente construiu (e destruímos nós mesmos, sem interferencia do mundo que nao era mundo pra gente) nada parece tão grande.
É tudo sem graça e pequeno.
Você tambem acha.
Nunca vou saber se por nossa passagem na vida um do outro, pra você.
É que o mundo também não parou de girar.
E meu coração, às vezes mais depressa, às vezes quase como o silêncio, vive ameaçando parar de bater.

Desde que mudei pra essa casa, tem dias em que nem existo.
E nada, nada me cobre a saudade que eu sinto de você.