segunda-feira, janeiro 22, 2007

apartamento vazio na hora de ir embora.

não sei se eram as tranças. ou se era o teu sorriso.
lembro dos fios de cabelo se desfazendo por entre seus dedos. junto ao nosso amor, que crescia, pra nos matar.

seu sorriso sem graça, que de tão sem graça era insuportável e bonito.
você já via tudo. Você tinha, entre as tranças e os dedos, o controle de tudo.
sempre precisastes estar no controle, acho eu.
e eu deixava, deixava infantil, deixava homem, voce manipular tudo o que quisesse.

aquele dia sorristes um sorriso tao bonito que senti vontade de chorar. você sempre me deu vontade de chorar. Quando me via afundado, e contava piadas, desesperada, a tentar me fazer rir. mal sabias que me dava uma vontade insuportavel de chorar. por te ver fora do controle daquele jeito. falando desenfreada...

sempre achastes minhas lógicas um tanto confusas. elas são mesmo confusas, e as vezes, entre as tuas tranças, eu me enrolava em um novelo sem fim de lógicas, pra explicar o que estava acontecendo com a gente, o que acontecia com você.

e você nao dizia nada. sorria, e me fazia doer os ossos.

você apoiava o rosto no punho, quando eu ia embora. achavas que eu não percebia, que eu não via, o teu desespero. eu via as caras que você cria esconder. eu via teu choro engolido. e como seguias a trabalhar o dia inteiro só para não me ver te vendo.
como trabalhavas em algo que nem sabias o que era.
e como me doiam os ossos nesses dias.
voce já não me tocava, e eu me sentia cheio de uma substancia negra, triste.

sabia que ias em breve.
sabias que ias também.
e ficamos.


será que ainda andas a fazer pra desfazer tranças por aí?