sábado, novembro 18, 2006

sobre curativos velhos.

ela sempre gostou dos curativos. mais que dos machucados e de tudo que eles traziam.
o curativo tinha qualquer significado especial. talvez fosse uma prova de que ela estava se recuperando.
Só havia um incoveniente... O curativo durava um dia, dois no máximo. O esparadrapo do exame de sangue, só meia hora!
e ela não queria tirar o curativo. Não achava certo tira-lo antes que se considerasse perfeitamente curada. Imagine só, aparecer com um esparadrapo enorme hoje e amanha, já sem nada. estará dando a falsa impressão que se curou. Vão todos a felicitar por uma coisa que não aconteceu. Porque só ela sabia quando estava realmente curada, de tudo.
Então, sabendo que se tirasse o esparadrapo um dia depois, não ganharia um outro, por já a considerarem "curada", o mantinha até ficar preto, preto, quase mofado. Molhava no banho, e secava com a toalha. quanto maior o curativo melhor... significava que a ferida era grande, e que ia te-lo com ela por mais tempo.
Fez dos curativos seus amigos, daqueles que te dizem "vai passar", e que não mentem, não vão embora antes de que você se sinta curado.
As vezes, dava até nomes aos curativos. mas nao os contava a ninguem. eram dela. dela.
e quando a mãe vinha insistir para que ela tirasse aquele pedaço de trapo do braço, ela olhava muito séria e dizia. "eu não estou curada ainda".
a mãe dava um sorriso, um pouco preocupada, e saía sem entender.
Ela ficava. se curando. até segundo sentimento.

m.

1 Comments:

Blogger passounanovela said...

nota 10 pra esse.

2:31 AM GMT-2  

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