quarta-feira, abril 25, 2007

Silenciava há tempos.
E há que tempos achava que tudo mais que tinha a dizer era desinteressante, ou chato demais.
Já fazia muito tempo sem ele, e tinha se convencido que sem ele é que era bom.
E talvez fosse. Sei lá. Mal sabia o que vinha dos outros e na verdade, agora não queria dar nada, receber nada. Um período morto, assumido, dessa vez. Onde tudo se digere.

Acordou um pouco confusa, com os lençois bagunçados e olhou as lanternas, finalmente instaladas em volta da janela. Achou tudo sem graça.
Tomou um copo de leite, que já meio azedo na geladeira.
Lembrou.
Sentiu uma dor que nem ficar em pé. Sentou.
Ele de novo. Ele de novo.
E sentiu um enorme nojo de todo o resto.

Nào queria se alimentar do passado, nem viver futuro algum. O presente, esse presente insuportavelmente tedioso e silencioso é que era ela, bem sabia.
E as vezes, sorrindo na janela do onibus, parecia até a vida ser mais leve.
Sorriu sentada.
Levantou. E chorou como há tempos não chorava.
Chorou e achou que ia afogar.
Convaleceu doente. Obrigada agora a entender a sua incapacidade de dizer, qualquer coisa que fosse sincera. de toda a dor que trazia.


m.