terça-feira, janeiro 08, 2008

fazia tempo que nao voltava às nossas coisas.
É que a gente vai vivendo e esquece até que o que vai vivendo.
Abri um velho baú enquanto decidia o que manter e o que jogar fora, e parecia que minha mão ia antes deu decidir. Achei velhos recortes de jornal que noticiavam um início lindo de um fim ridículo.
Pensei em te escrever uma carta, uma outra carta, mas ao me ver no espelho, vestida para pular, senti que nem pra isso tinha vontade.

voa!

Hoje em cima de uma cadeira, com espada e chapeu feitos de jornal, pelo meu filho, que tive com outro, por não te amar o suficiente, grito que me amo, mais do que a qualquer outro. E isso foi o distintivo que costurei em meu peito, linha a linha, traço a traço, desenhado também por meu filho, esse, que me custou o ventre.
Amanhã, pensei, sairei voando pela janela atrás de qualquer coisa boa e alegre, porque sou fútil e jovem. E me amo.

Voa!

Me telefonaram hoje. Disseram que chegou por correio meu caráter e minha vaidade. Vinha junto um bilhete, dizendo que esse era o resultado da troca de meu chapeu e minha espada. Meu filho, morto em meu ventre. e eu a cuspi-lo. Amor, amor, amor. De volta às coisas pequenas de meu baú de criança. Que é o que me cabe - dentro.

E é imenso.
E não sinto nada.
deti.