terça-feira, julho 22, 2008

janelas trincadas

tudo aqui tem meu nome. e tudo aqui tem meu cheiro, meu preço, meu dono- que sou eu mesma. tudo aqui tem meus pelos, meus dogmas, minhas crenças e os meus rituais. Daqui de dentro, através dessa janela, nesse lugar, onde eu tenho ficado muito pouco e muito pouco feito dele meu, apesar de ser tão e só - meu.

branco.
não sei mais o que escrever.

Não sei escrever sobre os feitos, os fatos. Sei escrever sobre o pranto, que existem ou não dentro de mim, e agora, que vivo tão dispersa pelo que vem de você e do que vai à você, não sei mais sobre o que escrever.

A dor era imensa e se tornara impossível transforma-la em palavras, depois de todas já terem sido jogadas fora. Da janela, da casa, do eu.
depois era o nada. O ronrono do gato e casa vazia de eu, de ti. o colchão na parede fria e nenhuma grande ideia de como crescer o que dentro de mim é imenso.
a dificuldade, o transito, o caminho, a dificuldade de falar o que de tão grande não passa por canal nenhum e vem meio trôpego, meio desesperado, dando margem até mesmo a erros de ortografia.
não tenho vontade de falar sobre nada, e ao mesmo tempo. Como acordo alguns dias, quando você não está -mas dentro sim-, ou quando ficastes a dormir do outro lado da cama, porque até tarde transamos, meu deus. Como tenho vontade de dançar! descalça, abraçar e beijar a todos com todo o amor que sinto dentro de mim.

Da janela da minha casa, a parreira morta. Os gatos se olham, um no muro, outro ali fora, logo aqui. Um entra pela porta. Quantos mesmo são?
tantas coisas que ficaram pra trás.
ano passado eu estava nesse mesmo lugar.
e ainda no ano passado.
mentira.
costume.
agora o misturar-se que é dificil. agora o ter fé é que é dificil.
à nossa. (copo e braço estendidos)


não sei o que tento dizer nem sei pra que-m- estou dizendo. Sinto hoje, das coisas que leio e recebo, dos beijos, do gozo, do tapa, e sinto como viver é genial.
I´m alive.
e as vezes, muitas vezes, quase todas, não sei o que fazer com isso.
o que se faz com tanta vida além de adoecer? além de chorar?

dança!
o turco me olha, bate palmas.
dança! dança!

1 Comments:

Blogger Unknown said...

às vezes eu nao escrevo porque voce escreve pra mim, por mim, em mim, ou o que eu queria dizer e nao tinha conseguido ou parado pra tentar. exatamente como esse texto.

mas eu to te devendo o meu pranto. é promessa!

4:50 PM GMT-2  

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