Veja que confusão. As suas mãos são idênticas às minhas e mal posso olhar para elas (as suas). Cada movimento dos seus dedos, cada linha profunda e escura, cada traço dela que confunde a aproximação da velhice com os desenhos geométricos que você tem na mão e os quais herdei, cada uma dessas idiossincrasias fisiológicas unidas à sua voz, à sua perturbação, ao seu orgulho em me mostrar uma descoberta nova, à sua vontade de dividir, a essa sua imensa solidão de pound, veja que confusão, mal posso olhar para o que você tem de mais meu. Um espelho rachado que não se quebra. Uma colcha de retalhos. Um livro que não deve, que não pode ter fim. Pois temos medo não só da linha da vida de nossa mão esquerda, que é atravessada por uma fenda de pele funda e fria, mas principalmente daquilo que vêem nossos olhos com uma grave inexatidão.
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