quarta-feira, dezembro 10, 2008

as palavras.
Me vinham aos montes enquanto caminhava até a máquina escrivinhadoura. Enquanto andava na rua, coçava tua barba, sentia a agulha, as palavras, essas enganadouras, me vinham aos montes. Eu pensava em escreve-las e nem mesmo pensava se alguém as leria. Quando as vi em cima de um livro na mesa não acenei para elas. Não queria perder as minhas, não queria que se misturassem com as outras de ninguem. Dei algumas a alguem que tropeçou no caminho, e no leito do hospital cheguei a pensar em abraçar o velho que tossia dois dias e ninguém vinha visita-lo. cheguei a pensar em dar-lhe minhas palavras. Não dei. A dor me atacou e mal consegui levantar. Alguém me estendeu uma mão. Neguei. carregava as palavras comigo. Corri, fingindo não mais ter dor, uma vez que me soltaram da prisão. Semana que vem mais compromissos que não são meus. E as palavras, a me cair das mãos. As pus nos bolsos, no sutiã, na calcinha. As mais fujonas, as engoli. Chorei enquanto caminhava e me vi refletida em um carro qualquer de qualquer época. Me percebi inchada e deformada. Já não sabia mais quem. e o que. As palavras.
Caminhei e no caminho vinha rememorando as minhas.
sentei aqui e senti sono. profundo. Silencioso.
si-lencio.
e mais algumas lágrimas.















Onde foi parar tudo?

sexta-feira, dezembro 05, 2008

me alimenta! que os olhos já não servem mais, nossos dedos não se apontam mais, nossos pés não tropeçam mais juntos. sua voz virou uma grito debaixo da piscina. seu ombro endureceu.