quinta-feira, outubro 30, 2008

ele/eu

lavou meus cabelos quando voltei.
Ele me abraçou e sorriu sincero. Chorou um pouco mas disfarçou.
Quer um café, ele me disse. Eu fiz que sim com a cabeça. Tinha o corpo pouco rigido e sentia-me envergonhada por ter passado tanto tempo fora. Lá, a nossa casa, idêntica a quando a deixei. As cortinas que eu havia escolhido. A mesa que eu pintei. As mesmas cores, cheiros, posições. Achei que ele sempre soube que eu ia voltar. E já havia me aceitado quando saí descabelada porta afora.
Eu preciso do mundo.
Você é meu mundo, ele falou na época.
Descobri que não tem mundo. Não tem gente, não tem sentimento, não tem amor. Além desse, que de forma estranha me faz retornar a nossa casa.
Você está mais magra, me disse. Eu sorri amarelo. Deve ser por isso que ando me sentindo fraca demais.
fraca demais.
Ele tinha a cara ainda mais cansada do que quando o conheci. Achava charmoso. Acreditava na época que ele levava todo a dor do mundo naquelas sombrancelhas arriadas. O olhar dele que me entrava e me deixava nua, em um segundo.
e agora aqui, eu sentada em meu sofá, tomando café.
Ele me banhou, no dia que voltei.
Me rebazitou com seu amor.
Fiquei limpa, límpida. Ele me tirou as dores do mundo que não encontrei e beijou meu corpo.
Fizemos um grande silêncio de meditação em torno do que nos acontecia.
dormiu em meu colo, e eu sobre o seu corpo. E assim ficariamos até conseguirmos esquecer de tudo que passou.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Venho visitando este blog mais com este post nunca mais vou ler aqui. Me deu medo do quanto alguém pode ser pernicioso e lidar com o "amor" da outra pessoa de forma utilitária e egoísta. Que pena existir isso!!!!!!

4:15 AM GMT-2  
Anonymous Anônimo said...

HAHAHAHAHAH
nooooossa
que peeeeeeeeena
ai ai...

9:35 AM GMT-2  
Anonymous Anônimo said...

que pena que tem gente que julga.
eu hein.

9:26 PM GMT-2  

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