domingo, outubro 26, 2008

as ine(xa)speradas coisas

Hoje pensei em escrever uma coisa qualquer sobre traição. Sempre me defendendo sob a idéia de que o amor puro é puro e a paixão sexual vem de outro registro. E sempre - sempre! - a dizer que traição é um conceito maior que não se aplica a nada disso.
Mas se sinto te traindo...
Estou vestida de branco e tenho um laçarote patético em volta do meu pescoço. Tu me enforcas. Ele me enforca. Deixa em carne viva onde estava o laçarote. Me tira a roupa, me tira o pudor, o temor. Ele me toma. Tu, me amas.
Preciso de forma infantil da sensação que estou em contato com o novo que para mim é vida. E você me é novo. Mas é menos novo. E eu sou patética.
Imagino-te a cara a me ouvir falar isso.
Ela, já ébria, gargalha com o baseado na mão. Lasciva.
- Queer?
Poderia te deixar me tirar o fôlego, mas não. E você me diz que sou tão bonita.
Fico mais bonita a cada dia que transo com ele.
- estou apaixonado.
- calma.
E eu a pensar nessa casa, nesses lençois, na morte da tua tia velhinha. Os gatos em volta de ti. Minhas pernas em volta de ti.
Vocês se abraçam em meu corpo: Você não vai me deixar, não é?

te amós.