terça-feira, agosto 26, 2008

mas foi o que mais aprendi naquele dia: o dedo grita, o dedo se levanta, fere só por acordar. o dedo é tão macio e cabe até um anel dourado, mas dói quando se ergue, como um nariz de uma madrasta velha.

mas se ergue também porque foi machucado.

e foi o que mais aprendi até hoje: as gravezas passam. o dedo calenta-se novamente. o indicador eriçado pede perdão, e a mão se torna uma concha. o dedo indicador se une aos outros, os não-indicadores, e uma mão se desenha para acariciar. uma concha com uma pérola muito brilhante por dentro. uma pérola que só eu vejo, porque é minha, porque sou eu.

estou cega. de outras coisas. não de pontadas.

o dedo apenas ameaça, porque, afinal, machucados doem. a felicidade agridoce, porém, que nos acompanha é o que nos complementa. é o que faz o dedo se erguer, acre, e logo tornar-se concha, doce.

e de verdade aprendi: é melhor não ser grave, é melhor nem ter medo. é melhor ser água, onde tudo cabe, onde tudo passa.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O grave não perdoa, nem tampouco o grave atenua. Jamais uma concha, jamais uma pérola. O grave apenas desiste. Porque o grave é o sintoma de qualquer senso que nos sequestra do amor. Porque o grave nada mais é que o medo puro. Do que fizemos e do que provocamos no outro. É isto que cega o olho, não a pontada.

4:03 AM GMT-2  

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