despedida
Ela escrevera uma carta para ele contando, com calma e tristeza, todos os motivos. Iniciou com os relatos do dia. Listou, meticulosamente tudo que havia feito em uma segunda feira tão cinza, quanto aquela. Listou-lhe as compras da feira e do mercado. Contou o que vestia, as bijouterias já gastas e a sandalinha de couro que ganhou de sua falecida avó em outros tempos, nos quais, hoje, ela já não reconheceria a si mesma.
Lhe disse isso e lembrou-se de sua infância. "Como eu era sapeca". - E aqui largou a caneta e riu uma gargalhada cheia. Há que tempos não ouvia essa palavra.
Estou mesmo perdida no tempo, pensou.
E constatando que a tristeza havia lhe voltado, continuou a escrever concentrada.
Contou-lhe dos longos lanches com seus avós e sem querer, lhe escapou no papel, o quanto sentiu-se sozinha, tantas vezes. desde que se deu conta que não havia tempo no mundo.
E já não havia naquele tempo.
Seus pais nunca o tiveram. Nem tampouco os pais dos amigos. E quando ela pedira tempo aos céus ou a papai noel, o máximo que teve foi um relógio, muito grande e feio.
Sentiu preguiça de explicar a ele, que apesar de ama-la sempre considerava suas idéias algo malucas ou exageradas.
Mas, sabia que tinha que faze-lo. Agora. Pois, as malas, o cachorro em sua casinha e a caixa com os seus livros preferidos, já iam dispostas no chão, ao lado dos seus pés.
Tentou dizer-lhe o quanto o amava, mas nunca conseguia dizer nada direito.
Ela nao tinha tempo para viver, e sabia que por certo ele não teria tempo de vive-la também. - Acredito que ela tinha alguma certeza, pois já ia pela página doze e acabara de apresentar o seu problema. Quando pretendia ser sucinta.
Sem saber, ela cria que descrever-lhe o dia era muito mais importante do que falar-lhe diretamente. Mas, perdeu-se em sua proposta de explicar a ele, o que mesmo?
Escreveu.
Estou indo embora.
Ela estava indo embora. E o amava muito.
Ela não tinha tempo, e tinha urgência. Considerava que não tinha muita personalidade também, mas isso não escreveu.
O tempo a correr a deixava tão nervosa que tudo que conseguia fazer era sentar-se em um banco, pôr as mãos na cabeça e suspirar. E ao largar a caneta mais uma vez, foi exatamente o que fez.
Mais que isso, ela não poderia.
Dobrou o papel, beijou a carta e saiu.
m.
Lhe disse isso e lembrou-se de sua infância. "Como eu era sapeca". - E aqui largou a caneta e riu uma gargalhada cheia. Há que tempos não ouvia essa palavra.
Estou mesmo perdida no tempo, pensou.
E constatando que a tristeza havia lhe voltado, continuou a escrever concentrada.
Contou-lhe dos longos lanches com seus avós e sem querer, lhe escapou no papel, o quanto sentiu-se sozinha, tantas vezes. desde que se deu conta que não havia tempo no mundo.
E já não havia naquele tempo.
Seus pais nunca o tiveram. Nem tampouco os pais dos amigos. E quando ela pedira tempo aos céus ou a papai noel, o máximo que teve foi um relógio, muito grande e feio.
Sentiu preguiça de explicar a ele, que apesar de ama-la sempre considerava suas idéias algo malucas ou exageradas.
Mas, sabia que tinha que faze-lo. Agora. Pois, as malas, o cachorro em sua casinha e a caixa com os seus livros preferidos, já iam dispostas no chão, ao lado dos seus pés.
Tentou dizer-lhe o quanto o amava, mas nunca conseguia dizer nada direito.
Ela nao tinha tempo para viver, e sabia que por certo ele não teria tempo de vive-la também. - Acredito que ela tinha alguma certeza, pois já ia pela página doze e acabara de apresentar o seu problema. Quando pretendia ser sucinta.
Sem saber, ela cria que descrever-lhe o dia era muito mais importante do que falar-lhe diretamente. Mas, perdeu-se em sua proposta de explicar a ele, o que mesmo?
Escreveu.
Estou indo embora.
Ela estava indo embora. E o amava muito.
Ela não tinha tempo, e tinha urgência. Considerava que não tinha muita personalidade também, mas isso não escreveu.
O tempo a correr a deixava tão nervosa que tudo que conseguia fazer era sentar-se em um banco, pôr as mãos na cabeça e suspirar. E ao largar a caneta mais uma vez, foi exatamente o que fez.
Mais que isso, ela não poderia.
Dobrou o papel, beijou a carta e saiu.
m.
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